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Angéllytha Cruvinel @f:1109847055796124
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Responder o motivo da escolha do Jornalismo como profissão atende uma provocação. Porque o que antes era de domínio quase exclusivo dos profissionais da comunicação, hoje está ao alcance de qualquer pessoa que, assim como, seja capaz de relatar um fato. Não há mais glamour nem exclusividade dentro de uma sociedade onde todos estão interligados e sem tempo para aguardar por um mediador.

Tal situação não faz com que me sinta prejudicada, assim como a suspensão do diploma que desconsidera um processo de formação importante. Mas de nada adianta um canudo na mão se o jornalista não tiver paixão pelo que faz. Gastar a sola do sapato atrás de entrevistas, perder-se nas ruas a procura de uma fonte e, por acaso, perceber outra pauta surgir. Descobrir no cotidiano simples uma grande reportagem, nos políticos a ignorância e nos humildes uma lição de vida. Mesmo sabendo que a execução destas tarefas exige muito mais do que reflexões, não consigo me enxergar trabalhando em outra atividade.

Repórter não se esconde atrás do telefone para fazer uma entrevista, gosta do cheiro da rua. Não copia releases, vai até a sua própria história. Faz da curiosidade um aliado da sua rotina e da responsabilidade uma constante mediadora das ações. Para um jornalista, o desafio não é empecilho, mas uma forma de aprender e criar alternativas.

Espero que a prepotência e a indiferença não atinjam, com o passar dos anos, minha rotina profissional. Não há nada mais indigesto do que a petulância de quem não sabe ouvir e se considera acima do que o cerca. O jornalismo é uma das poucas profissões em que o indivíduo tem a oportunidade de refazer julgamentos e abandonar preconceitos. Tudo isso, entre uma pauta e outra.

O trabalho do repórter não se limita à escrita. Brigar por um espaço maior para a matéria, insistir com o editor que a pauta vale a pena, que a declaração de determinada fonte deve merecer confiança ou simplesmente aceitar um erro cometido são extensões da mesma função que prossegue e vai além.

O que posso resumir é que não tenho passaporte, nunca fui à Europa, não ganhei um carro quando entrei na faculdade, mas conquistei uma bolsa de estudos.

Sou dedicada o suficiente para alcançar e suprir tais deficiências. Na infância, meus pais não indicaram os clássicos da literatura, que fui conhecer somente no curso pré-vestibular. Mas tive todo o incentivo necessário para acreditar que a educação é o caminho mais importante para as conquistas.

Escolhi o jornalismo como profissão porque quero sentir-me útil no espaço que ocupo na sociedade. Somente desta forma percebo que, efetivamente, exerço minha cidadania. Vejo na minha profissão a possibilidade de contribuir, colaborar e esclarecer um pouco mais o conteúdo que o leitor, o ouvinte, o telespectador ou o internauta já carregam na sua bagagem cultural. Afinal, nós, jornalistas, não dispomos de todo o saber, nem somos detentores da informação, mas sim, apenas uma parte de um todo.

Para alguns, minhas posições expostas nas linhas acima podem remeter a um certo idealismo, hoje, distante da realidade de certos profissionais da comunicação.