f:Ramon Marot's Live

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Ramon Marot @f:100004741901913
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A alienação produzida pela ânsia de posses é tão forte e tão enraizada nas pessoas, que alguns pseudoteólogos chegam até mesmo a adulterar os ensinamentos básicos de sua religião, para conquistar adeptos, oferecendo-lhes algo que nem o próprio Jesus prometeu.

Numa sociedade carente e pobre, onde uma minoria tem demais, enquanto outros não ter nem o necessário para atender às necessidades básicas, as pessoas se tornam carentes e inseguras, tornando-se presas fáceis para espertalhões que exploram as carências e necessidades humanas.

A ânsia de ter é tão forte que até mesmo nossos sentimentos subjetivos deixam de ser uma ação da alma para se tornarem uma posse. Quando sentimos algo, costumamos dizer: “temos amor”, ou “temos ódio”. Ou alguém diz “tenho ciúmes” em vez de dizer “sinto ciúmes”. Dizem ainda “tenho sono”, em vez de dizer “sinto sono”!

Embora possa parecer apenas formas de expressão, demonstram até que ponto o ter se enraizou em nossas vidas, obstruindo o ser.

Sob o ponto de vista da sociedade consumista e aquisitiva, alguém que nada ter não é ninguém. As pessoas são avaliadas pelo que têm e não pelo que são.

Isso é a raiz da corrupção e da violência. Se para ser alguém, uma pessoa necessita ter algo, ela se torna capaz de fazer qualquer coisas lícita ou ilícita, caso contrário, estará condenada a ser ninguém.

E, sendo ninguém, nada tem a perder, a própria vida perde o significado para essa criatura.

E quando a própria vida perde o significado, a vida alheia se torna ainda mais insignificante.

Daí se pode perceber a causa profunda da violência no mundo moderno.

Por mais que se discuta sobre educação, assistência social e recuperação de criminosos, a violência não terá fim enquanto for alimentada de forma indireta pelos valores da própria sociedade.

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Se pudermos parar para observar com atenção, veremos que algumas atitudes nossas só são feitas para a aprovação do outro. Temos uma necessidade de saber o que os outros estão achando a partir do que se foi mostrado ou exibido.

Já ouvi muita gente dizer: “Não ligo para o que os outros pensam de mim.” Vamos lá...

A estrutura de toda a nossa vida é essa que nos foi ensinada: a menos que exista um reconhecimento, nós somos ninguém. É uma armadilha social na qual caímos e não conseguimos sair. Mesmo que sejamos capazes, temos que fazer provas na escola e concurso público para prosseguir . Não basta sermos capazes, temos que provar isso.

Vincent Van Gogh, foi um dos poucos que não caíram nessa armadilha. Viveu como um mendigo, mas não deixava de pintar seus quadros porque era seu prazer e ninguém reconhecia seu trabalho, mas ainda assim ele os fez. Cometeu suicídio não por desespero, mas porque já havia encerrado seu desejo e trabalho de pintar. Ele definitivamente não se preocupou com o reconhecimento.

Querem nos dar medalhas, premiações, prêmio Nobel. E queremos receber. E por que não fazer algo de nossa própria vontade, sem querer reconhecimentos alheios?
Se ajudamos alguém, deve ser por amor, se quer algo em troca ou reconhecimento é porque o fez por interesse pessoal.
Se quer parecer jovem, contente-se com o que você acha parecer, sem cobrar elogio do outro ou o desespero de provar para mundo que não está velho (embora a velhice em minha opinião, seja bela e sua negação um preconceito).
Se temos uma profissão devemos faze-la por prazer e não para ostentar, se aproveitar ou querer elogios sobre sua função.


É natural que aplausos e elogios nos motive a irmos longe, mas a dependência de aprovação da sociedade pode ser doentia. Não induza, se o elogio vier, aceite-o com humildade, se não vier, não o peça, não se importe pois você sabe o valor que possui.