"Quem sou eu?" Uma pergunta bem pertinente que me faço todos os dias, pois não sou prepotente de me definir como alguém imutável. Filosoficamente não sou, estou, pois em constante mudança permaneço. Estou um ser (no sentido de ser humano) que busca viver os ensinamentos primitivos do Messias de Belém, Jesus, o mesmo Jesus que andou com as minorias, as prostitutas, os pescadores carrancudos, e as pessoas excluídas e marginalizadas da sociedade. Sou alguém que tem fé, mas não uso minha crença para esconder-me de mim mesmo, de minha essência. Não preciso de fachada, pois estou nu e nada sei, e o Não Saber é o princípio da sabedoria, pois somente o soberbo de espírito se considera Detentor da Verdade. Sou alguém que não sabe de nada, não me julgo perfeito, mas estou em constante aperfeiçoamento, sou aberto ao conhecimento e ao progresso, não estou parado no tempo porque A, B ou C me disse algo. Sou alguém que vivo minha crença de forma concreta, mas louvo a Deus que ninguém o saiba como, nem pretendo narrar como faço, pois não quero a minha mão esquerda saiba o que fez a direita. Sou alguém que tem a coragem de fazer a auto-reflexão sobre minhas ações antes de me julgar superior aos outros. Sim, eu estudei filosofia, teologia, história do cristianismo, durante o período em que fui monge, e sim, atualmente estudo ciências sociais na universidade federal do Espírito Santo, mas eu não me reduzo ao que aprendi e apreendi. Sou alguém que sabe que nada sabe, mas que compreende o valor Inalienável do Ser Humano, independente de sua crença, etnia, classe social, condição sexual, grau de instrução, entre outras tolices que nós (Humanidade) criamos para dividir os seres humanos. A vida humana vale mais, minha crença professa isso, pois creio que o Divino Criador encarnou-se por este motivo, os seres humanos. Ele se fez homem e viveu nossas crises e dores, alegrias e incertezas. Sou alguém que não teme em fazer a vida valer a pena, nem me prendo a preconceitos e tabus que só fazem o ser humano parar no tempo e na história e, muitas vezes, atuar no lado lamentável da história, tal como fizeram os inquisidores, os escravocratas, os nazi-fascistas, os terroristas. Sou alguém que lamenta a ignorância e a intolerância que há no mundo e luta, com cortesia e respeito, para que possamos compreender que mais coisas nos unem do que nos dividem. Como humano em constante aprendizado e mudança, não ouso me afirmar SER, pois o Ser é imutável e pleno, é o "Motor Imóvel que rege todas as coisas", como afirma Aristóteles, e Este, Santo Agostinho, sabiamente, denominou Amor, Deus. Por isso reafirmo, eu não sou, apenas busco constantemente refletir Aquele que É.