f:Diógenes Allende Júnior Live

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Sobrevivo dentro de uma utopia:
vivo em um mundo capitalista embora meu coração e minha alma sejam socialistas: logo, sou um refém de mim mesmo - meu corpo está preso nesse sistema, mas meu coração e minha alma são livres: lutam uma guerra a qual sonho todo dia vencer - embora não possa.
Surfar me torna vencedor: quando estou na água, venci uma batalha: entro na água já vitorioso, com o brilho da felicidade de estar longe desse sistema que aprisiona e sufoca almas e as transforma em escravas da competição e do consumo.
Estou próximo da natureza que amo, do mar que me acolhe: ouço o barulho do carinho de suas ondas no meu corpo, uma gaivota me cumprimenta, o sol me bronzeia, uma tartaruga sorri para mim.
Peixes me fazem companhia.
Sou a pessoa mais feliz do mundo nesses instantes mágicos: é essa a vitória que não posso mensurar.
Vivo estou, o mar é meu lugar: é la que desejo estar: não aqui: sempre lá.
Lar salgado mar.

Minha outra paixão é escrever, e ambas estão intrinsecamente ligadas, são indissolúveis e inseparáveis: uma não é sem a outra.
E sobre essa caminhada certa vez escrevi:
"Continuarei caminhando e escrevendo, caminhando: mesmo que descalço, manco.
Dedos doloridos, unhas roídas, indignado, combatido, criticado.
Cansado.
Enquanto houver quem leia, enquanto houver passos a serem dados, distâncias à serem vencidas, verdades a serem ditas.
Continuarei escrevendo e caminhando, escrevendo: porque quando caminho deixo o passado triste para trás e avanço em direção ao futuro da esperança, evocando-a.
Porque quando escrevo faço parte dessa esperança - com a ponta dos meus dedos desenho a estrada do meu caminho.
Quando escrevo liberto-me das prisões, busco justiça.
Quando caminho, escrevo com meus pés, quando escrevo, caminho com minhas mãos.
Caminhando e escrevendo, vou construindo meu caminho.
O que importa é caminhar, escrevendo ou não.
Porque há para percorrer ainda muito chão."

Minhas convicções ideológicas estão intrinsecamente ligadas ao que sou, ao que creio, ao que vivo.
O ar que eu respiro é o ar da liberdade: talvez o maior orgulho que eu possa ter como ser humano é o de ser inflamado pelos ideais libertários daqueles que lutaram contra a ditadura militar no Brasil e no mundo.
Eu soui um deles: eu morri com Che Guevara em Higueras, na Bolívia; eu morri com Lamarca no sertão da Bahia e morri juntamente com Marighella, assassinado por fascínoras, em São Paulo.
Quando bombardearam La Moneda, em Santiago de Chile, eu morri lutando ao lado de Salvador Allende.
Todos nós morremos um pouco quando uma injustiça é cometida em qualquer parte do mundo.
Até quem a comete morre também, porque, intimamente, se envergonha de sua vilania e de sua covardia.
Fica registrada para sempre a homenagem aos meus heróis de infância, de hoje e de sempre, para todo o sempre: são simples palavras mas para mim possuem um significado que eu jamais conseguiria expressar em outras palavras que não essas: meu peito arde em chamas quando penso nesses heróis e os ideais pelos quais sacrificaram suas vidas.